Doar óvulos: verdades e mitos

É um gesto altruísta, simples para quem doa e que pode fazer toda a diferença na vida de outras mulheres e/ou de casais que sofrem de infertilidade. Porém, doar óvulos é um processo que ainda gera muitas dúvidas e que está envolto em bastantes mitos.

Por isso, neste artigo, revelamos algumas verdades e desconstruímos alguns mitos sobre a doação de ovócitos.

MITO: Doar óvulos diminui a fertilidade da dadora

Sabia que o corpo feminino inutiliza, naturalmente, inúmeros óvulos por mês? Isto significa que os óvulos que lhe são retirados, para doação, iriam ser desperdiçados, de qualquer forma, pelo seu corpo. Por isso, se deseja engravidar no futuro, doar óvulos não terá qualquer interferência na sua fertilidade.

MITO: Qualquer mulher pode ser dadora

Na verdade, é necessário que uma mulher cumpra, além de outros requisitos a avaliar posteriormente, três pré-requisitos para poder ser dadora de óvulos, nomeadamente:

  • Ter mais de 18 e menos de 35 anos;
  • Não ter doenças sexualmente transmissíveis;
  • Não padecer de doenças hereditárias ou genéticas.

VERDADE: Na CEMEARE, só é possível ser dadora de óvulos até aos 33 anos

Apesar de a lei prever os 35 anos como limite para se ser dadora de óvulos, tendo em conta alguma morosidade até que o processo fique concluído, na CEMEARE optamos por só iniciar o processo com mulheres com menos de 34 anos. 

O limite de idade imposto pela lei está relacionado com a diminuição natural de fertilidade da mulher, que se começa a acentuar a partir dessa idade. Por isso mesmo, um óvulo que fosse doado por uma mulher com mais de 35 anos de idade já não seria tão fértil, o que pode comprometer o sucesso dos tratamentos de fertilidade em que será utilizado.

MITO: Uma mulher pode doar óvulos quantas vezes quiser, ao longo da vida

Tal como outros aspetos relacionados com a doação de óvulos, também o limite de doações é estabelecido por lei. Assim, uma mulher não pode doar óvulos mais de três vezes, ao longo da vida, sendo necessário que decorram, pelo menos, três meses entre doações.

MITO: A doação de óvulos é um processo doloroso

Doar óvulos pode causar algum desconforto (nomeadamente, cansaço, dores de cabeça, ardor no local onde foram dadas as injeções ou desconforto abdominal). Porém, o processo de colheita dos ovócitos propriamente dito (punção ovárica, que dura, aproximadamente, 20 minutos) é feito sob ligeira sedação, para que a dadora não sinta qualquer dor ou desconforto.

MITO: Se uma mulher doar óvulos, a criança pode considerada sua filha

Segundo a Lei da Procriação Medicamente Assistida, não é permitido, em caso algum, que uma criança nascida a partir de técnicas de PMA com recurso a óvulos doados seja registada como filha da dadora. Porém, desde 2019, é possível que a pessoa concebida com recurso a gâmetas (óvulos ou espermatozoides) doados solicite, se o desejar e após os 18 anos, informações sobre a identidade do/a dador(a).  

De qualquer modo, legalmente, a criança nunca poderá ser considerada filha da pessoa que doou óvulos ou espermatozoides.

VERDADE: A lei portuguesa prevê uma compensação monetária para quem doar óvulos

Uma vez que o processo de doação de óvulos implica alguma disponibilidade por parte da dadora, que poderá ter de faltar ao trabalho e ter gastos com várias deslocações à clínica, em Portugal, a lei prevê que, no final do processo, ela receba uma compensação igual ao dobro do valor do Indexante de Apoios Sociais (IAS) em vigor (o que dá, neste momento, 960,86€).