A fertilização in vitro é uma das técnicas de procriação medicamente assistida autorizadas em Portugal. É um tratamento em que, após um período de estimulação dos ovários da mulher, é feita uma colheita de óvulos, que são fecundados em laboratório com recurso a espermatozoides do parceiro (ou a gâmetas de dador).
Após 2 a 5 dias de desenvolvimento em laboratório, um a dois embriões são transferidos para o útero da mulher. Este é um processo simples, que habitualmente não causa dor. Segundo o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, a taxa de sucesso da fertilização in vitro é de cerca de 25% a 35%.
Vantagens
Uma das grandes vantagens da fertilização in vitro é permitir uma boa taxa de sucesso em situações de mulheres ou casais que não conseguem obter gravidez.
Em relação a outras técnicas de procriação medicamente assistida, a fertilização in vitro constitui-se ainda como uma técnica menos invasiva, em que o processo de fecundação é totalmente acompanhado por profissionais de saúde altamente qualificados, que ajudam a garantir o desenvolvimento efetivo dos embriões. Quando estes se formam, apenas os de melhor qualidade são selecionados para ser transferidos para o útero materno. São ainda congelados embriões de qualidade, que não foram transferidos, de forma a aumentar a taxa de sucesso dos tratamentos seguintes.
Em que casos é indicada?
De acordo com a Associação Portuguesa de Fertilidade, pode-se considerar um casal infértil quando não se consegue alcançar uma gravidez após 6 meses (no caso de mulheres com idade igual ou menor do que 35 anos) ou 1 ano (em caso de a mulher ter mais de 35 anos) de relações sexuais sem recurso a contraceção.
O recurso a tratamentos de fertilização in vitro é, geralmente, aconselhado a casais com problemas de fertilidade que tenham sido submetidos, sem sucesso, a técnicas mais simples, tais como a indução de ovulação (geralmente, através do uso de fármacos, com vigilância médica) ou a inseminação intra uterina (uma técnica em que o esperma do parceiro é colhido, preparado e inseminado no útero da mulher).
Também mulheres que padeçam de lesões ou ausência de trompas ou com endometriose fazem parte dos casos em que a fertilização in vitro é recomendada. Esta técnica pode ainda ser indicada em casos em que a infertilidade do casal é causada por fatores masculinos severos (como a má qualidade do esperma).
Processo
O processo de fertilização in vitro decorre em seis fases. A mulher que efetua tratamentos de fertilização in vitro é submetida a estimulação da ovulação, através da administração de hormonas que estimulam o crescimento de folículos que, por sua vez, permitem a obtenção de vários ovócitos. Esta estimulação (primeira fase) é controlada através de análises ao sangue e de ecografias, que permitem detetar quando será a altura certa para iniciar a colheita dos ovócitos a serem fertilizados. Nesta fase, é também necessário um controlo rigoroso, de forma a evitar que aconteça a hiperestimulação ovárica, uma complicação que, hoje em dia, ocorre em menos de 1% dos casos.
Cerca de 36 horas após a injeção de hCG (hormona da gravidez), inicia-se a segunda fase do processo: a aspiração folicular. Aqui, é feita a colheita dos óvulos (punção vaginal), com recurso a sedação (sedoanalgesia), procedimento este que terá uma duração aproximada de 15 a 20 minutos.
No mesmo dia, é feita a colheita do sémen do companheiro, que será imediatamente preparado em laboratório, o que permitirá chegar à quarta fase do processo: a fertilização in vitro propriamente dita. Aqui, os espermatozóides são colocados perante os óvulos, a uma temperatura de 37.ºC, e é confirmada a sua fecundação. Até à sua transferência para o útero, os embriões permanecerão em estufa.
Por fim, a sexta e última fase do processo é a transferência de embriões para o útero. Esta realiza-se cerca de 3 a 5 dias após a punção vaginal. Sendo um processo habitualmente indolor em que o embrião é introduzido no útero, por meio de um fino catéter, este procedimento não necessita de anestesia.