Desde a década de ‘80, após a primeira gravidez resultante de um tratamento de Fertilização In Vitro (FIV) com recurso a óvulos de uma dadora que este tipo de solução tem vindo a ser cada vez mais adotado como recurso para casais que sofrem de infertilidade.
Com o avanço da medicina de reprodução, as taxas de sucesso deste tipo de tratamento têm vindo a aumentar ao longo dos anos. Porém, embora os procedimentos e a experiência dos profissionais que os realizam tenham uma importância fulcral na concretização do sonho de ter um bebé, a verdade é que há outros fatores que também pesam. Neste artigo, vamos esclarecer alguns deles.
Quem pode doar óvulos?
A qualidade dos óvulos é sempre (quer para uma gravidez alcançada naturalmente quer para a realização de tratamentos de fertilidade) um fator determinante para uma potencial gravidez. De facto, o recurso a óvulos doados é aconselhado em várias situações em que os óvulos da mulher que pretende engravidar não estão aptos para tal, nomeadamente por:
- falência ou insuficiência ovárica precoce;
- infertilidade decorrente de idade avançada;
- repetidas falhas de outros tratamentos de FIV (com óvulos próprios);
- existência de algum defeito genético conhecido ou histórico familiar de condições de saúde não explicadas.
Como tal, a seleção das dadoras de óvulos tem de ser feita de uma forma muito criteriosa, de modo a garantir que os gâmetas doados têm a qualidade desejada.
Deste modo, a legislação portuguesa define que podem ser dadoras de óvulos mulheres:
- dos 18 aos 35 anos de idade (na CEMEARE, de modo a garantir um maior sucesso dos tratamentos que irão recorrer a este material genético, com idade inferior a 33 anos);
- que não tenham doenças hereditárias ou doenças sexualmente transmissíveis;
- que não tenham doado óvulos em mais de 3 ocasiões (sendo necessário decorrerem, pelo menos, 3 meses entre uma doação e a seguinte).
Cumpridos, a priori, estes requisitos, quando uma mulher manifesta interesse em ser dadora, passa por uma avaliação psicológica e um rigoroso processo de diagnóstico, que inclui um conjunto de análises e exames médicos para despistar a existência de quaisquer complicações de saúde que venham a interferir com a FIV e com a própria saúde do bebé que possa vir a resultar daí.
Sucesso da FIV com óvulos doados: fatores relacionados com o casal
Embora o óvulo que poderá vir a dar origem a uma gravidez seja proveniente de uma dadora, alguns aspetos relacionados com a própria mulher que recebe o embrião que dele resulta também influenciam o sucesso do tratamento de FIV, nomeadamente:
- a fase do ciclo menstrual em que o(s) embrião/ões são transferidos;
- a avaliação e preparação do endométrio para receber o embrião, antes e após a implantação;
- a idade da dadora (não se realizam de tratamentos de fertilidade após os 50 anos de idade);
- o índice de massa corporal (a potencial obesidade da recetora irá influenciar o sucesso da FIV);
- hábitos de vida, nomeadamente o tabagismo, outro fator que influencia negativa e diretamente a função reprodutiva da mulher.
Além disso, e uma vez que o(s) óvulo(s) doado(s) são inseminados com espermatozoides do companheiro da mulher recetora, existem também fatores masculinos que podem afetar o sucesso da FIV, particularmente:
- o índice de massa corporal (num estudo de 2022, em 49% dos ciclos mal sucedidos de FIV o IMC do homem era superior a 25, ou seja, alto);
- as caraterísticas do semen.